O cineasta espanhol Luis Buñuel é dos grandes mestres do Cinema. Ao lado de seu amigo Salvador Dalí, dirigiu seu primeiro filme, Um Cão Andaluz, em 1928, com fortes elementos surrealistas. Sempre inquieto e provocador, saiu da Espanha e morou na França, nos Estados Unidos e no México, voltando depois para seu país natal e mais uma vez para a França, onde realizou, em 1977, Esse Obscuro Objeto do Desejo, seu último trabalho. O roteiro, escrito por ele junto Jean-Claude Carrière, se inspira no livro La Femme et le Pantin, do francês Pierre Louys, que já havia sido adaptada antes por Josef von Sternberg, em Mulher Satânica, de 1935; e por Julien Duvivier, em A Mulher e o Fantoche, de 1959. Tudo começa dentro de um trem, onde Mathieu (Fernando Rey) conta a um grupo de viajantes a história de um rico homem de meia-idade e sua paixão obsessiva por Conchita (Carole Bouquet), uma jovem de 19 anos. A subversão dos valores e o desprezo por uma sociedade decadente e falida, tanto política como moralmente, sempre marcaram a obra de Buñuel. Não é diferente aqui. Esse Obscuro Objeto do Desejo é o testamento de um artista que soube, de maneira única, provocar tudo e todos. Sempre com muita inteligência, ousadia, poesia e beleza.
ESSE OBSCURO OBJETO DO DESEJO (Cet Obscur Objet du Désir – França/Espanha 1977). Direção: Luis Buñuel. Elenco: Fernando Rey, Carole Bouquet, Ángela Molina, Julien Bertheau, Milena Vukotic e María Asquerino. Duração: 102 minutos. Distribuição: Classicline.