De abril de 1975 até janeiro de 1979 o Camboja foi governado pelo regime cruel do Khmer Vermelho. Liderado pelo tirano Pol Pot que aplicou no país seu próprio entendimento da doutrina Marxista-leninista com resultados mortais para 20% da população que simplesmente foi dizimada por suas práticas. O diretor Rithy Pahn, que já havia abordado esse triste período em A Imagem Que Falta, de 2013, e Túmulos Sem Nome, de 2018, retoma esse tema neste Encontro Com o Ditador, de 2024. O roteiro, escrito pelo próprio Pahn, ao lado de Pierre Erwan Guillaume, tem por base o livro da jornalista Elizabeth Becker. Acompanhamos aqui a viagem de três repórteres, no ano de 1978, quando o Camboja passou a se chamar Kampuchea Democrático. Lise Delbo (Irène Jacob) e Paul Thomas (Cyril Gueï) viajam junto de Alain Cariou (Grégoire Colin), que estudou em Paris com Pol Pot. Essa conexão do passado permitiu a entrada dos três no país, bem como a possibilidade de uma entrevista exclusiva com o “irmão nº 1”. É visível para nós, espectadores, que é mostrado e dito aos visitantes apenas o que é do interesse do regime. No entanto, à medida que o tempo passa, fica evidente para os três estrangeiros que tudo não passa de uma fachada para esconder a cruel realidade vivida pelos cambojanos. Encontro Com o Ditador é contundente nas denúncias que faz do Khmer Vermelho e sua insana política de ‘reorganização social”. Pahn não se furta a mostrar as atrocidades cometidas pelo tirânico Pol Pot, mas o faz com sutileza poética inserindo imagens de arquivo e outras feitas com bonecos de madeira. Em tempo: Representante do Camboja na disputa por uma indicação ao Oscar 2025 na categoria de melhor filme internacional, o filme não foi pré-selecionado, o que não é demérito algum.
ENCONTRO COM O DITADOR (Rendez-vous avec Pol Pot – Camboja/França/Taiwan/Catar/Turquia 2024). Direção: Rithy Panh. Elenco: Irène Jacob, Grégoire Colin, Cyril Gueï, Bun-Hok Lim, Leng Thirith, Sovann Nhoeb e Paov Pitu. Duração: 112 minutos. Distribuição: Pandora Filmes.