Os talentos de Caetano Veloso e Gilberto Gil, para ficar apenas nesses dois, é incontestável. No entanto, existiu um cantor e compositor baiano que fez deles meros coadjuvantes. Estou me referindo ao grande Dorival Caymmi, primeiro músico da Bahia a ganhar destaque nacional a partir do final da década de 1930, quando se mudou para o Rio de Janeiro. Muitos estudiosos defendem ter sido ele o homem que colocou a música daquele estado no mapa ao compor e cantar canções como O Mar, Samba da Minha Terra, Doralice, Marina, Modinha Para Gabriela, Maracangalha, Saudade de Itapuã e O Dengo que a Nega Tem. Não deixa de ser uma afirmação bastante correta. Especialmente se você assistir ao belo documentário Dorival Caymmi: Um Homem de Afetos, dirigido por Daniela Broitman. Além dos já citados Veloso e Gil, os filhos do artista, Nana, Dori e Danilo Caymmi, também músicos, prestam ricos depoimentos que se juntam a farto material de arquivo, inclusive uma inédita entrevista concedida por ele em 1998, e traçam um painel poético e carinhoso da vida e carreira de Dorival. E o título não poderia ser mais preciso. Ele era, efetivamente, um homem de afetos.
DORIVAL CAYMMI: UM HOMEM DE AFETOS (Brasil 2019). Direção: Daniela Broitman. Documentário. Duração: 93 minutos. Distribuição: Descoloniza Filmes.