O cineasta espanhol Pedro Almodóvar estava devendo um grande filme desde A Pele Que Habito, de 2011. A espera acabou em 2019, com o excepcional Dor e Glória. Com roteiro dele próprio, inspirado em passagens autobiográficas que são misturadas com outras ficcionais, temos o alter ego do diretor representado na figura do cineasta Salvador Mallo, vivido por Antonio Banderas, em sua oitava colaboração com Almodóvar. Ele é um cineasta cheio de melancolia e parece carregar o mundo nas costas. E Banderas, em desempenho preciso e inspirado, nos passa com precisão e turbilhão de dor e tristeza da personagem. O passado e a mãe são lembranças recorrentes, ao mesmo tempo que tenta se reencontrar como homem e artista. Dor e Glória é um filme maduro e altamente reflexivo. E Almodóvar, poético como há muito não conseguiu ser, se desnuda diante de nós e expõe seus medos e frustrações, ao mesmo tempo em que nos inunda de forte esperança no amor e no futuro. O título não poderia ser mais apropriado. Em tempo: Dor e Glória é o representante espanhol ao Oscar 2020 na categoria de melhor filme internacional.
DOR E GLÓRIA (Dolor y Gloria – Espanha 2019). Direção: Pedro Almodóvar. Elenco: Antonio Banderas, Asier Etxeandia, Leonardo Sbaraglia, Nora Navas, Julieta Serrano, Asier Flores, César Vicente, Cecilia Roth e Penélope Cruz. Duração: 114 minutos. Distribuição: Universal.