A maior parte das pessoas associa o nome de David Lynch a filmes esquisitos. Mas Lynch é muito mais que um cineasta de obras estranhas. Na verdade, ele é um Artista dos mais criativos e originais, perturbadores e provocadores. Surreal e enigmático. Um autêntico visionário. O verbo está no presente porque as pessoas que admiramos não se vão. Elas permanecem para sempre conosco. Lynch fez cinema, é verdade, revolucionou a televisão, mas também pintou, escreveu livros e roteiros, teve sua própria marca de café (uma de suas paixões), foi ator, além de praticar e ensinar meditação transcendental. O documentário David Lynch: A Vida de Um Artista, dirigido pelo estreante Rick Barnes, ao lado do produtor Jon Nguyen (que havia realizado o doc Lynch, em 2007, sobre os bastidores de Império dos Sonhos) e da montadora Olivia Neergaard-Holm, é um primor. Ao contrário do que muitos possam esperar, não se trata aqui de um filme sobre a carreira cinematográfica do retratado. O trio de diretores nos revela o Lynch que existiu antes do Lynch que hoje conhecemos. Da sua feliz infância no interior dos Estados Unidos, filho de pais amorosos e presentes e que desde cedo demonstrou talento para a pintura. Passando pela adolescência e início da vida adulta, quando estudou na Academia de Belas Artes da Pensilvânia e terminando justamente na produção de Eraserhead, seu primeiro longa-metragem. Tenha em mente que o Lynch que você aprendeu a gostar não seria o mesmo sem essa rica trajetória artística prévia. Como ele costuma dizer: “Olhe para o donut e não para o buraco”. Agora me dê licença que eu vou comer um pedaço de torta de cereja com uma xícara de café boa pra caramba. Em tempo: a produção deste documentário levou muitos anos para ser concluída e foi inteiramente bancada através de financiamento coletivo.
DAVID LYNCH: A VIDA DE UM ARTISTA (David Lynch: The Art Life – EUA/Dinamarca 2016). Direção: Rick Barnes, Jon Nguyen e Olivia Neergaard-Holm. Documentário. Duração: 88 minutos. Distribuição: Criterion/Fênix Filmes.
