Temas políticos são recorrentes na obra do cineasta polonês Andrzej Wajda. Na maioria dos casos, eles se limitam às questões de seu país, a Polônia. Em Danton: O Processo da Revolução, que ele dirigiu em 1982, o foco está voltado para duas figuras importantes da Revolução Francesa: Georges Jacques Danton e Maximilien Marie Isidore de Robespierre. O roteiro de Jean-Claude Carrière se baseia na peça L’Affaire de Danton, de Stanislawa Przybyszewska, e explora o período pós-revolução, conhecido como Reino do Terror. A situação está caótica na França. Todos são suspeitos e a guilhotina corta cabeças diariamente. Danton (Gérard Depardieu) e Robespierre (Wojciech Pszoniak), que quatro anos antes haviam proclamado a Declaração dos Direitos do Homem, encontram-se agora em lados opostos. Um conta com o apoio do povo. O outro tem o poder nas mãos. Wajda expõe essa luta revelando a complexidade das personagens. E tem aqui um elenco afinadíssimo. Apesar de contar uma história que aconteceu no final do Século XVIII, o filme cria conexões com o momento que o mundo vivia no início dos anos 1980 e, curiosamente, com os dias atuais. Prova inconteste de sua força e atemporalidade.
DANTON: O PROCESSO DA REVOLUÇÃO (Danton – França/Polônia 1982). Direção: Andrzej Wajda. Elenco: Gérard Depardieu, Wojciech Pszoniak, Patrick Chéreau, Roger Planchon, Boguslaw Linda, Roland Blanche, Emmanuelle Debever e Krzysztof Globisz. Duração: 131 minutos. Distribuição: Versátil.
Uma resposta
Marden tem razão: este Danton de Andrzej Wajda está presente nos jornais de hoje, em qualquer telediário. É um filme extraordinário de um Mestre do cinema.