Para toda uma geração, ou talvez mais de uma, a imagem de Elisabeth Amalie Eugenie von Bayern, Imperatriz da Áustria em boa parte do século XIX, esteja associada à atriz Romy Schneider por conta da trilogia de filmes Sissi, onde ela a interpretou nos anos 1950. Agora, a partir de Corsage: Espírito Inquieto, escrito e dirigido, em 2022, pela cineasta austríaca Maria Kreutzer, temos uma nova abordagem e um novo rosto: o da luxemburguesa Vicky Krieps. O período é outro também, 1877, quando a popular monarca completou 40 anos de idade. Kreutzer faz em Corsage algo parecido com o que Sofia Coppola fez em Maria Antonieta. Há aqui um misto de deslocamento temporal em objetos de cena e invenções que aparecem antes de seu surgimento original, ao mesmo tempo em que se estabelece um diálogo com posturas do nosso presente. Isso tudo serve apenas para reforçar que Elisabeth era uma mulher bem avançada para sua época. Ou pelo menos, é assim que a diretora a retrata. E há um tratamento especial sobre a forma como Elisabeth lida com os comentários da corte, dos súditos, bem como da imprensa. Em especial, a que publica fofocas, algo próximo das atuais redes sociais. São preocupações com o peso, os cabelos e a vida íntima, ou seja, com seus amantes. E Vicky Krieps dá conta da complexa rotina da imperatriz. Rotina que muitas vezes se aproxima de uma solitária melancolia. Não espere verdade histórica em Corsage. Trata-se de um olhar bastante pessoal de Marie Kreutzer sobre essa mulher que ainda hoje desperta muita atenção e curiosidade.
CORSAGE: ESPÍRITO INQUIETO (Corsage – Áustria 2022). Direção: Marie Kreutzer. Elenco: Vicky Krieps, Colin Morgan, Florian Teichtmeister, Tamás Lengyel, Katharina Lorenz, Ivana Urban, Manuel Rubey, Finnegan Oldfield e Aaron Friesz. Duração: 113 minutos. Distribuição: Imovision.
