Não é por acaso que costumam dividir a comédia adolescente americana em antes e depois de John Hughes. Ele começou sua carreia como roteirista e em 1984 dirigiu seu primeiro longa, Gatinhas e Gatões, que já chamou a atenção. No ano seguinte, realizou aquele que muitos consideram sua obra-prima: Clube dos Cinco. A história, do próprio Hughes, não poderia ser mais simples. Tudo acontece no período de oito horas de um sábado, dentro da biblioteca de uma escola. Andy (Emilio Estevez), Brian (Anthony Michael Hall), Bender (Judd Nelson), Claire (Molly Ringwald) e Allison (Ally Sheedy) estão de castigo. Eles, estereotipados como “o atleta”, “o crânio”, “o criminoso”, “a princesa” e “o caso perdido”, precisam escrever uma redação sobre si mesmos. O que torna Clube dos Cinco diferente de outras comédias da época e mesmo dos dias de hoje é a força do seu texto e a excepcional construção de personagens. Hughes teve o cuidado de não datar seu filme. Claro que já na abertura é revelado que tudo se passa no dia 24 de março de 1984. Mas, poderia, da mesma forma, ter sido em qualquer outro dia futuro ou mesmo não ter data alguma. Os figurinos, os cenários e, principalmente, os dramas daqueles cinco jovens são atemporais. Hughes foi o primeiro cineasta de sua geração e talvez um dos poucos em toda a história do cinema a conseguir estabelecer um diálogo com o público que ele retratou em seus filmes. Em especial, os que ele realizou entre 1984 e 1986. Mais especial ainda, neste Clube dos Cinco. Sem esquecer o achado que foi o tema de abertura, Don’t You Forget About Me, cantado pela banda Simple Minds.
CLUBE DOS CINCO (The Breakfast Club – EUA 1985). Direção: John Hughes. Elenco: Emilio Estevez, Anthony Michael Hall, Judd Nelson, Molly Ringwald, Ally Sheedy, Paul Gleason e John Kapelos. Duração: 97 minutos. Distribuição: Universal.