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CIPRIANO E A MORTE DE CIPRIANO

Fazer cinema é difícil. Em qualquer lugar do mundo. Por ser uma arte coletiva, além de envolver sempre muitas pessoas, demanda também um investimento financeiro que, por menor que seja, nunca é pouco. Agora imagine realizar um longa-metragem no Piauí. E mais do que isso, em coprodução com a Suécia. É o que temos aqui. Para o cineasta Douglas Machado “cinema não se conjuga no singular. No caso de Cipriano e a Morte de Cipriano, não me refiro apenas ao elenco e à equipe técnica do filme, mas igualmente ao Mário Peixoto de Limite (1931); ao Glauber Rocha de O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro (1969); e às iluminogravuras de Ariano Suassuna, que ao ver o primeiro corte de Cipriano, estabeleceu uma ponte de sensibilidades com O Trovador Kerib (1988), de Sergei Parajanov”. O roteirista e diretor nos convida para uma jornada sertão piauiense adentro onde um homem velho de nome Cipriano (Tarciso Prado) está morto. Mas seu corpo segue entre os vivos por conta de um pacto com a Morte (Fernando Freitas). Os filhos do falecido, Vicente (Chiquim Pereira) e Bigail (Vilma Alcântara), iniciam uma peregrinação até o litoral para enterrá-lo perto do mar. Cipriano e a Morte de Cipriano trata de vida e morte e mescla tudo isso com contos folclóricos, sonhos delirantes e temas religiosos representados por um grupo de rezadeiras que cantam e choram suas incelências e benditos. O material bruto foi rodado em apenas três semanas no ano de 1997 com uma câmera S-16mm e teve sua primeira versão lançada nos cinemas de Teresina em 2001. Mas essa versão nunca foi do agrado de Douglas. Durante a pandemia da Covid-19 ele trabalhou exaustivamente na versão definitiva que temos agora. Trata-se de uma obra inteiramente nova, seja pela montagem, desenho de som, efeitos especiais e tratamento de cores, mas, principalmente, pela estrutura narrativa mais experimental, complexa e imersiva. Somos levados em uma viagem que bebe do imaginário fantástico latino-americano. Não se trata de uma jornada fácil, é verdade, mas é plenamente satisfatória em sua proposta ousada e criativa de lidar com a única certeza que temos na vida.

CIPRIANO E A MORTE DE CIPRIANO (Brasil 2024). Direção: Douglas Machado. Elenco: Tarciso Prado, Chiquim Pereira, Vilma Alcântara e Fernando Freitas. Duração: 77 minutos. Distribuição: Trinca Filmes.

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