Estréia da atriz Carla Camurati na direção de longa-metragem, Carlota Joaquina – Princesa do Brazil foi bastante aguardada por ser a obra símbolo e marco zero da chamada “retomada do cinema brasileiro”. O trabalho de marketing, feito pela própria diretora, foi bastante eficiente. Ela manteve a imprensa sempre informada sobre tudo o que acontecia durante a produção do filme. Para viabilizar seu trabalho, Carla utilizou a antiga prática teatral da permuta. Com um orçamento de pouco mais de 600 mil reais, ela realizou uma obra divertida e acessível, e conquistou o público brasileiro. Na época de seu lançamento, em 1994, há muito não ia aos cinemas para ver um filme falado em português. Carlota Joaquina centra seu foco na vinda da Família Real ao Brasil, no início do Século XIX. A narrativa é a de um conto de fadas. Começa com um escocês contando à sua filha a história da princesa espanhola Carlota Joaquina (Marieta Severo), que se casou com o príncipe de Portugal, Dom João (Marco Nanini) e foi morar em um país exótico e distante, o Brasil. A partir daí, somos convidados a acompanhar as peripécias de uma mulher feia, em todos os sentidos da palavra, completamente deslocada e louca para voltar para sua terra natal. Marieta Severo não tenta, em momento algum, humanizar sua personagem. Ela nos causa revolta, às vezes, nojo, mas, é antes de tudo, uma figura por si só bastante caricatural e é nesse clima de caricutura assumida que Carla Camurati conduz seu espetáculo.
CARLOTA JOAQUINA – A PRINCESA DO BRAZIL (Brasil 1994). Direção: Carla Camurati. Elenco: Marieta Severo, Marco Nanini, Marcos Palmeira, Maria Fernanda, Eliana Fonseca, Aldo Leite, Bel Kutner, Vera Holtz, Thales Pan Chacon, Ludmila Dayer e Brent Heatt. Duração: 101 minutos. Distribuição: Europa.