É possível tratar um assunto sério com leveza? A produtora Clélia Bessa foi diagnosticada com câncer de mama em 2008 e decidiu compartilhar sua rotina em um blog. 15 anos depois a atriz e roteirista Suzana Pires adaptou os relatos de Bessa para um roteiro e a diretora Rosane Svartman dirigiu o filme Câncer com Ascendente em Virgem. Agora respondendo à pergunta inicial feita nesta resenha: sim, é possível tratar um assunto sério com leveza. O roteiro foi escrito a oito mãos. Além de Suzana, a própria diretora junto com Martha Mendonça e Pedro Reinato colaboraram com a redação final. Acompanhamos aqui a jornada de Clara (Pires), professora de matemática e influenciadora digital. Ela acredita ter tudo sob controle e vê seu mundo desabar quando recebe o diagnóstico de câncer de mama. Sua mãe Leda (Marieta Severo), sua filha adolescente Alice (Nathália Costa) e as amigas Paula (Carla Cristina Cardoso) e Dircinha (Fabiana Karla) lhe dão o apoio necessário para enfrentar os desafios do tratamento e a inevitável cirurgia. Câncer com Ascendente em Virgem consegue ser didático sem ser pedante, enfadonho ou panfletário. E muito disso se deve à abordagem feita pelo roteiro e pela direção, que por sua vez tiveram como matriz a leveza e honestidade das postagens do blog Estou com Câncer, e daí?, de Clélia Bessa. No final, temos um filme que trata de amizade, superação, coragem, sororidade e amor à vida, que é aquilo que acontece entre o nascimento e a morte. Clara ama viver e é justamente esse amor e tudo o mais que vem junto que a inspira e motiva. E, por tabela, nos envolve e nos comove positivamente também.
CÂNCER COM ASCENDENTE EM VIRGEM (Brasil 2024). Direção: Rosane Svartman. Elenco: Suzana Pires, Marieta Severo, Nathália Costa, Carla Cristina Cardoso, Fabiana Karla, Ângelo Paes Leme, Julia Konrad e Heitor Martinez. Duração: 100 minutos. Distribuição: Downtown Filmes.