Avatar, escrito e dirigido por James Cameron, é uma experiência sensorial sem precedentes. Se engana quem pensar que se trata de mais um filme que utiliza somente efeitos especiais para sustentar uma história oca. O chamado “efeito pelo efeito”. É verdade que o roteiro não é inovador e nem dos mais criativos. Mas isso nunca foi a intenção de Cameron. Em toda a sua filmografia, é possível perceber que ele sempre trabalha no limite do clichê e do piegas, do sentimental e do melodramático. É possível perceber também que duas características constantes de toda a sua obra estão presentes também em Avatar: personagens femininas fortes e a crença errada na tecnologia como salvadora do mundo. A história se passa no ano de 2154. Os humanos já exploraram tudo que tinham para explorar em nosso planeta e agora fazem o mesmo em outros mundos. A “vítima” da vez é o planeta Pandora, que possui um metal valiosíssimo, o unobtanium. Uma megacorporação está à frente de tudo. No início, com o auxílio de cientistas liderados pela Dra. Grace Augustine (Sigourney Weaver), é desenvolvido um projeto que mistura DNA Na’vi, o povo de Pandora, com DNA humano. O resultado são clones ou avatares semelhantes aos nativos, que são ligados por um equipamento à mente de um humano. A intenção da doutora é das mais nobres. Ela deseja aprender e interagir pacificamente com a nova cultura. É claro que as coisas tomam um rumo completamente diferente. Afinal, a megacorporação não quer saber de convivência pacífica com os diferentes e muito menos de harmonia com a natureza e parte com pesado arsenal bélico para tomar à força o controle do planeta. Jake Scully (Sam Worthington) e seu avatar funcionam para o chefe militar Miles Quaritch (Stephen Lang) como olhos e ouvidos das fraquezas dos Na’vi, até que ele se apaixona por uma nativa, Neytiri (Zoe Saldana). Avatar poderia ser resumido como uma mistura de Pocahontas com Dança Com Lobos. Sua história é simples, mas, nunca simplista. Estão lá o choque de culturas, a paixão entre pessoas de origens diferentes, o infiltrado que muda de lado e o processo de aculturação. Parece simples e familiar. E realmente é simples e familiar. Porém, Cameron consegue tratar de diversas questões importantes como ecologia, ciência, tolerância, religião, espiritualidade, belicosidade e sacrifício, comuns em nosso cotidiano e embrulhar tudo isso em um deslumbrante entretenimento para toda a família.
AVATAR (EUA 2009). Direção: James Cameron. Elenco: Sam Worthington, Zoe Saldana, Sigourney Weaver, Stephen Lang, Joel Moore, Giovanni Ribisi, Michelle Rodriguez e Laz Alonso. Duração: 161 minutos. Distribuição: Fox.