Terceiro longa da roteirista e diretora gaúcha Cristiane Oliveira, Até Que a Música Pare, de 2023, nos conta a história de Chiara (Cibele Tedesco) e Alfredo (Hugo Lorensatti). Juntos há mais de 50 anos, a rotina muda após o filho caçula sair de casa para morar sozinho. Além disso, há um questão envolvendo o luto pela morte de um outro filho. Chiara decide então acompanhar o marido em suas viagens de trabalho como vendedor em bares da região. Porém, ela descobre algo que a deixa inquieta abalando sensivelmente a relação do casal. Além disso, há também uma questão budista envolvendo reencarnação e uma tartaruga. Até Que a Música Pare tem boa parte de seus diálogos falados em Talian, uma mistura do Português com a língua dos imigrantes que vieram do Norte da Itália para o Rio Grande do Sul no século XIX. Isso causa um certo estranhamento de início, no entanto, aos poucos, nos acostumamos pois é possível entender muito do que está sendo dito. A cineasta conduz sua narrativa sem pressa alguma e nos permite conhecer melhor a rotina daquelas personagens, especialmente, Chiara e Alfredo. Ela revela que “a escalada recente dos discursos de ódio rachou muitas famílias no Brasil” e pergunta “quais são as palavras que fazem com que você desista de alguém que você ama”. Apesar de responder algumas dessas perguntas, o filme também deixa espaço para que nós as respondamos na mesma medida. E isso é bem interessante por resultar do envolvimento que a obra consegue estabelecer conosco.
ATÉ QUE A MÚSICA PARE (Brasil/Alemanha/Itália 2023). Direção: Cristiane Oliveira. Elenco: Cibele Tedesco, Hugo Lorensatti, Elisa Volpatto e Nicolas Vaporidis. Duração: 96 minutos. Distribuição: Pandora Filmes.
