Em 2018, quando da estreia de Meu Nome é Daniel, seu primeiro longa, Daniel Gonçalves já deixava evidente no título que tratava de algo bastante pessoal. O novo filme, Assexybilidade, realizado cinco anos depois, apesar de ainda manter o caráter da pessoalidade, expande esse conceito para um grupo bem maior e se revela um manifesto contra o capacitismo, não apenas em relação à forma com que pessoas que possuem algum tipo de deficiência são tratadas, mas especialmente no quesito sexualidade. Já no primeiro depoimento, o de Giovanni, ele diz que com certeza já teve algumas pessoas que ficaram com ele por curiosidade, por quererem experimentar algo diferente. Esse é o ponto de partida para diversos outros depoimentos que mostram que o desejo e o prazer não são exclusivos das pessoas ditas “normais”. A abordagem que Gonçalves assume em seu filme, a começar pelo bem sacado título que mistura as palavras “sexo” com “acessibilidade”, já explicita seu objetivo. Ainda mais por se tratar de um tema tabu. No caso específico aqui, do sexo com ou entre pessoas com deficiências. Os sinceros e corajosos depoimentos apresentados, sérios e bem humorados ao mesmo tempo, alertam para os muitos preconceitos sociais e familiares, além de questões de saúde pública. Eles falam não apenas da relação sexual em si, mas também, e isso é importante de ser frisado, do flerte, do toque, do beijo na boca. Momentos que fazem toda a diferença em qualquer início de relacionamento.
ASSEXYBILIDADE (Brasil 2023). Direção: Daniel Gonçalves. Documentário. Duração: 86 minutos. Distribuição: Olhar Distribuição.