A primeira coisa que chama a atenção em As Melhores Coisas do Mundo, de Laís Bodanzky, é a maneira como tudo começa. Temos a impressão que a história já estava acontecendo e a gente pegou carona no meio do caminho. O filme vem preencher uma lacuna constante que existe no cinema brasileiro. Não costumamos ter com regularidade em nossa cinematografia histórias que tratam do dia-a-dia do adolescente de classe média. A trama se passa em São Paulo, mas, poderia ter como locação qualquer outra grande cidade brasileira. O roteiro, escrito por Luiz Bolognesi e livremente inspirado nos livros da série Mano, de autoria de Gilberto Dimenstein e Heloísa Prieto, consegue retratar com muita fidelidade esse universo sem cair nas armadilhas narrativas que costumam acompanhar essas histórias. A opção por um elenco desconhecido, com exceção de alguns poucos adultos, foi mais do que acertada. Outro aspecto bastante positivo é a espontaneidade dos diálogos. Em nenhum momento eles parecem falsos, um problema recorrente em muitos filmes nacionais. As Melhores Coisas do Mundo prova que é possível abrir um diálogo com o público jovem quando se aborda o mundo deles de maneira franca, honesta, inteligente, sensível e sem “lição de moral”.
AS MELHORES COISAS DO MUNDO (Brasil – 2010). Direção: Laís Bodanzky. Elenco: Denise Fraga, Caio Blat, Francisco Miguez, Gabriela Rocha, Júlia Barros, Matheus Marchetti, José Carlos Machado, Fiuk e Paulo Vilhena. Duração: 105 minutos. Distribuição: Warner.
Uma resposta
Eu vou confessar que sempre fiquei com o pé atrás quando o assunto é filme nacional. Mas, podemos tirar alguns filmes da categoria “nacional” (aspas para dizer, chato) e ver que existe cinema nacional digno de prêmios também. Eu fiquei surpresa como o tema “jovens adolescentes” foi tratado neste caso. Ver As Melhores Coisas do Mundo foi um tapa de pelica para minha visão preconceituosa…