A judia alemã Eleonore Koch, mais conhecida como Lore, migrou para o Brasil com sua família, em 1936, fugindo da perseguição nazista. Aqui, descobriu seu talento para a pintura e foi a única discípula de Alfredo Volpi. O documentário As Cores e Amores de Lore, dirigido por Jorge Bodanzky, nos mostra a trajetória de uma artista corajosa e bem à frente de seu tempo. O mais curioso é a maneira como o diretor estabelece uma forte e pessoal conexão com a retratada. No caso de Bodanzky, um experiente fotógrafo cinematográfico e dono de uma filmografia de poucas obras, porém, impactantes e fundamentais da história do audiovisual brasileiro, vide Iracema: Uma Transa Amazônica, para citar apenas um exemplo. Em As Cores e Amores de Lore ele utiliza uma longa entrevista que gravou e a complementa com imagens e depoimentos que enriquecem as falas dessa artista única e que, infelizmente, não obteve em vida o devido reconhecimento. Ela nos é revelada por inteira com intimidade e ao mesmo tempo respeito. E isso não impede o diretor de abordar temas espinhosos como sexo, relacionamentos e outras lutas compradas por Lore. Em suma, uma justa e bela homenagem.
AS CORES E AMORES DE LORE (Brasil 2025). Direção: Jorge Bodanzky. Documentário. Duração: 80 minutos. Distribuição: Embaúba Filmes.