O diretor e roteirista americano Alexander Payne chamou a atenção já em seu primeiro longa, Ruth em Questão, de 1996. De forte caráter independente, seu cinema foge dos padrões hollywoodianos. Talvez por conta de sua ascendência europeia, Payne sempre destaca algum local histórico e gosta de trabalhar com atores não profissionais em alguns papéis, no melhor estilo neorrealista. Suas obras costumam discutir um tema recorrente: a solidão. E dentre elas, As Confissões de Schmidt talvez seja a mais exemplar nesse quesito. O roteiro, escrito por Payne junto com Jim Taylor, se baseia no romance de Louis Begley e conta a história de Warren Schmidt (Jack Nicholson). Ele é um típico americano de classe média que dedicou sua vida inteira ao trabalho e à família. De repente, seu mundo desmorona: ele agora está aposentado e viúvo. Sem saber direito o que fazer, Schmidt literalmente pega a estrada e resolve impedir o casamento da única filha. Payne é habilidoso em sua narrativa. Ter um ator do calibre de Jack Nicholson no papel principal e uma Kathy Bates inspirada em um dos papéis secundários ajuda bastante. Independente disso, a história funciona por ser carregada de humanidade. A jornada de Schmidt é um pouco a nossa jornada. Cheia de altos e baixos, de tristezas e alegrias, de solidão e amizade. Como a vida de todo mundo.
AS CONFISSÕES DE SCHMIDT (About Schmidt – EUA 2002). Direção: Alexander Payne. Elenco: Jack Nicholson, Hope Davis, Dermot Mulroney, June Squibb, Kathy Bates, Howard Hesseman, Len Cariou, James Crawley, Tung Ha, Cheryl Hamada, Christine Belford, Josh Geller, Jim Kay e Robert Kem. Duração: 124 minutos. Distribuição: PlayArte.
Uma resposta
Payne simplesmente nos carrega no tempo do Schmidt, e depois seguimos com eles quando o filme acaba. E por alguns dias vamos continuar lembrando desta saga pessoal e tão próxima de nós todos.