Existem três personagens que já foram utilizadas em centenas de filmes e seriados de TV: Robin Hood, Sherlock Holmes e Tarzan. Se analisarmos o perfil psicológico de cada uma delas, constataremos que talvez a personagem de Robin Hood seja, se não a mais popular, com certeza é a que gera maior empatia. Todos nós temos uma tendência natural que nos faz “torcer” pelo mais fraco e também apoiar aqueles que lutam contra injustiças. A história do fora-da-lei britânico que “roubava dos ricos para dar aos pobres” já havia sido contada antes, em 1922, em uma famosa versão estrelada pelo primeiro grande astro do cinema americano, Douglas Fairbanks. A versão que quero destacar é a de 1938, As Aventuras de Robin Hood, dirigida por Michael Curtiz e William Keighley. Destaco quatro razões importantes. 1) foi um dos primeiros filmes da história do cinema a fazer uso da cor em toda a sua plenitude. 2) consolidou a carreira do astro de filmes de aventuras Errol Flynn. 3) provou que não é preciso muita conversa quando a história é boa, basta ir direto para a ação. 4) é muito divertido, com ação incessante e um herói por quem você torce desde a primeira aparição. Resumindo: o filme de Curtiz e Keighley não perde tempo com “psicologismos” e explicações desnecessárias. Um letreiro de abertura nos situa na trama e, a partir daí, sem maiores delongas, embarcamos nesta aventura sem chance de retorno. Aos olhos de hoje, algumas interpretações e falas podem até parecer “teatrais” demais. É preciso dar um desconto. Eram outros tempos. Um tempo onde as coisas eram mais simples e diretas. Um tempo no qual valia a máxima “cinema é a maior diversão” e este verbo, “divertir”, é muito bem flexionado nesta grande e inesquecível aventura.