Por mais estranho que pareça, é possível comparar o cinema italiano da virada dos anos 1950 para 1960 com os Beatles. Como assim? Simples. Imagine como devia ser difícil a vida do Ringo dentro da banda. Ele chegou por último, era talentoso e engraçado, porém, sem a genialidade de John, Paul e George. Agora vamos para a Itália. Nesse período, tínhamos Fellini, Visconti e Antonioni em evidência. Três gênios do cinema realizando grandes filmes continuamente. Dino Risi era o Ringo do grupo de cineastas italianos. Ele dirigiu obras marcantes, mas, não teve o mesmo reconhecimento que seus colegas de ofício. Aquele Que Sabe Viver trafega na contra-mão do que era feito na época. Na trama, o bon vivant Bruno, interpretado magnificamente por Vittorio Gassman, encontra o tímido estudante de Direito, Roberto, vivido de maneira precisa por Jean-Louis Trintignant, e o convida para sair com ele e “curtir” o feriado. Os dois iniciam então uma viagem de dois dias que mudará suas vidas para sempre. Aquele Que Sabe Viver é um filme alegre, “prá cima”, tem diálogos ótimos e um ritmo frenético. A gente não desvia os olhos da tela nem por um segundo. Uma pequena obra-prima que merece ser descoberta por aqueles que amam a vida e, claro, um bom filme. Preste atenção no som da buzina do carro do Bruno. Ela não vai sair da sua cabeça.
AQUELE QUE SABE VIVER (Il Sorpasso – Itália 1962). Direção: Dino Risi. Elenco: Vittorio Gassman, Jean-Louis Trintignant, Catherine Spaak, Linda Sini, Corrado Olmi, Claudio Gora, Nando Angelini, Edda Ferronao, Franca Polesello e Luciana Angelillo. Duração: 104 minutos. Distribuição: Versátil.