1957 foi um ano particularmente intenso na carreira do cineasta Billy Wilder. Conhecido por sua versatilidade em “passear” por diferentes gêneros, naquele ano ele realizou três filmes bem distintos: Águia Solitária, Amor na Tarde e Testemunha de Acusação. Wilder vinha de uma sequencia de sucessos e foi neste ano tão produtivo que ele experimentou o fracasso. Justamente em Amor na Tarde, filme que marcou uma parceira das mais geniais do cinema: a de Wilder com o roteirista I.A.L. Diamond. A história é baseado no romance de Claude Anet e se passa em Paris. Tudo começa quando o detetive Claude Chavasse (Maurice Chevalier) é contratado para espionar o bon vivant Frank Flannagan (Gary Cooper). O que não estava previsto era Ariane (Audrey Hepburn), filha do detetive, se apaixonar pelo sedutor Frank. Amor na Tarde nos oferece algo que seria a marca registrada da dupla Wilder/Diamond: diálogos ferinos e inspiradíssimos aliados a um humor dos mais sofisticados. Mesmo um mestre como Wilder tem seus ídolos e aqui ele homenageia outro grande mestre do cinema: Ernest Lubitsch. Inacreditavelmente, Amor na Tarde foi mal recebido pela crítica da época e, em consequência disso, o público terminou rejeitando o filme. Um dos motivos alegados teria sido a grande diferença de idade entre Cooper e Hepburn. Ambos tinham 56 e 28 anos, respectivamente. Cary Grant, a quem o papel de Frank fora oferecido antes, recusou por se considerar velho demais para fazer par com Audrey. O que posso dizer então? Das duas uma: ou os críticos que massacraram Amor na Tarde não perceberam a genialidade do filme ou simplesmente ficaram com inveja de Gary Cooper.
AMOR NA TARDE (Love in the Afternoon – EUA 1957). Direção: Billy Wilder. Elenco: Gary Cooper, Audrey Hepburn, Maurice Chevalier, John McGiver e Lisa Bourdin. Duração: 130 minutos. Distribuição: Warner.