O tema “vida após morte” já foi bastante explorado pelo cinema nos mais diversos gêneros. Boa parte desses filmes terminava fracassando por adotar uma postura doutrinária. Isso não acontece em Além da Vida, de Clint Eastwood. A partir de um roteiro original escrito por Peter Morgan, acompanhamos três histórias que gradativa e sutilmente se misturam. Marie (Célice de France) é uma jornalista francesa que sobrevive a um tsunami e experimenta uma quase morte. Marcus (Frankie/George McLaren), um garoto londrino, tem que lidar com a morte de uma pessoa muito querida. Por fim, o americano George (Matt Damon), vive o drama de ter o dom (ou maldição) de falar com os mortos. Em resumo, temos três personagens que se completam, apesar da distância entre eles. Eastwood, elegante como de costume, conduz sua trama sem pressa, mas também sem rodeios. Já na abertura, ao mostrar um tsunami e nos eventos subsequentes, ele deixa claro porque é considerado um mestre da narrativa cinematográfica clássica. Além da Vida consegue lidar com um tema delicado e polêmico sem tomar partido de crença alguma. A história é, antes de tudo, humana. Principalmente, por abordar a amizade, o medo, a solidão, o amor e a superação. Outro ponto alto do filme é transformar um simples aperto de mãos em um momento extremamente romântico.