Dos cinco filmes que o diretor alemão Werner Herzog fez com o ator Klaus Kinski, Aguirre, a Cólera dos Deuses foi o primeiro. Estamos aqui em meados do século XVI, no Peru. O conquistador espanhol Gonzalo Pizarro (Alejandro Repullés) lidera uma expedição em busca de Eldorado, a lendária cidade de ouro. Um de seus homens, Dom Lope de Aguirre (Klaus Kinski), totalmente consumido pela loucura, sonha conquistar toda a América do Sul. Com roteiro escrito pelo próprio Herzog, Aguirre é um filme de guerra por assim dizer, no entanto, a “guerra” quase não aparece. Ou melhor, ela não aparece naquele formato padrão de combate e ação. Herzog não é um diretor afeito a modelos prontos. Seu cinema carrega uma característica de profunda personalidade. São intensos, quase documentais e muitas vezes contemplativos. A guerra que é mostrada em Aguirre está mais no interior daqueles homens, que lutam por algo que é racionalmente insano e sem sentido. Na maioria das vezes, o “inimigo”, se é que podemos chamar assim, é a natureza, tema recorrente na filmografia do diretor. Herzog e Kinski, amigos desde a juventude, iniciam aqui uma parceria exemplar. A fúria natural de Kinski casou perfeitamente com a visão de mundo de Herzog e rendeu grandes obras.
AGUIRRE, A CÓLERA DOS DEUSES (Aguirre, der Zorn Gottes – Alemanha 1972). Direção: Werner Herzog. Elenco: Klaus Kinski, Helena Rojo, Ruy Guerra, Del Negro, Peter Berling, Cecilia Rivera, Daniel Ades e Alejandro Repullés. Duração: 100 minutos. Distribuição: Versátil.