O diretor Walter Salles adaptou o livro escrito pelo albanês Ismail Kadaré, que se passa na região rural da Albânia, para o interior do nordeste brasileiro. Em Abril Despedaçado, além das tramas que envolvem as personagens, outro ponto importante, ou melhor, outra personagem que tem papel marcante é a geografia da região onde a ação acontece. Honra e vingança se misturam e traçam um painel rudimentar, porém, preciso da dura vida de um nordeste que já existiu e que, ainda insiste em existir em algumas localidades. Estamos aqui em abril de 1930. Uma camisa manchada de sangue que balança ao vento é o sinal que vem mais sangue pela frente. Tonho (Rodrigo Santoro), filho do meio da família Breves, seguindo ordem de seu pai (José Dumont), deve vingar a morte do seu irmão mais velho, que foi vitimado por uma família rival. No meio do conflito exterior e interior vivido por Tonho, seu irmão mais novo, Pacu (Ravi Ramos Lacerda). O olhar de Walter Salles, sempre humanista, nunca se afasta de suas personagens um minuto sequer. Isso faz de Abril Despedaçado um filme carregado de poesia e de lirismo, de otimismo e esperança. Enfim, de vida.
ABRIL DESPEDAÇADO (Brasil 2001). Direção: Walter Salles. Elenco: Ravi Ramos Lacerda, Rita Assemany, Othon Bastos, Luiz Carlos Vasconcellos, Rodrigo Santoro e José Dumont. Duração: 99 minutos. Distribuição: Imagem Filmes.
Uma resposta
Um dos belos momentos na cinematografia do Walter Salles. Bem sei que não se trata do filme mais reconhecido pela crítica, entretanto, vejo como ouro sobre azul. Cheio de humanidade, tens razão, Marden!