Os filmes policiais americanos como os conhecemos tiveram suas regras definidas nos anos 1970. Com raras exceções, eles costumam seguir rigorosamente a mesma estrutura narrativa. Quando foi anunciada a produção de A Testemunha, a ser estrelado por Harrison Ford, a expectativa que se criou foi a esperada para um típico policial “feito em Hollywood” e com seu ator mais popular no papel principal. A grande surpresa aconteceu quando se percebeu que o diretor do filme, o australiano Peter Weir, subverteu as regras do gênero. Não pense com isso que A Testemunha seja um policial arrastado e “cabeça”. Pelo contrário. O filme é tenso. Do começo ao fim, tem seqüências de tirar o fôlego. Porém, consegue acrescentar às regras do típico policial americano novos elementos que nunca haviam sido explorados em outros filmes. Uma criança amish (grupo de religiosos cristãos conhecidos por seus costumes conservadores, totalmente alheios às novas tecnologias e que vivem como se ainda estivessem no final do século XIX) presencia um assassinato durante uma viagem com sua mãe. O policial responsável pela investigação descobre que o crime foi cometido por um colega de distrito. Para se proteger e também protegê-los, ele acompanha mãe e filho até a comunidade amish onde eles moram e é a partir daí que Peter Weir vira tudo de cabeça para baixo. Como eu já disse, A Testemunha não renega as regras do gênero. Mas, conduz a trama para um nível mais alto de excelência ao inserir uma carga dramática e poética de grande intensidade no choque de duas culturas bem distintas. O convívio de John Book, personagem de Harrison Ford, com os amish é de uma riqueza de detalhes e tão cheio de sutilezas que nos esquecemos que estamos vendo um filme policial. São dois mundos bem diferentes em seus ritmos e sentimentos e Peter Weir, um diretor que tem uma filmografia repleta de personagens obstinadas, “passeia” por estes dois mundos com a mesma segurança, delicadeza e tranquilidade.
A TESTEMUNHA (Witness – EUA 1985). Direção: Peter Weir. Elenco: Harrison Ford, Kelly McGillis, Lukas Haas, Danny Glover e Josef Sommer. Duração: 112 minutos. Distribuição: Paramount.
Respostas de 5
Oba! Quero assistir! Vou passar à tarde na locadora e comprovar mais uma vez a firmeza da sua recomendaçao, Marden. A lista de filmes cresce…
Ótimo sábado para nós, todos!
John Book no meio dos Amish é como o próprio Weir no meio do cinema americano. Se adapta? Adapta o meio? Mata ou morre de amor? A persona e a personagem. Acaba subvertendo a razão e estabelecendo um novo paradigma, via emoção – nossa, e é só um filme policial!
Não esqueço aquela cena em que o policial canta para a mãe do garoto… maravilha de filme.
mmm fiquei com muita vontade de ver.
só pra complementar, segue link para a belíssima música citada nos comentários acima.
http://b1brasil.blogspot.com/2011/01/rock-classico-wonderfull-world.html
JOPZ