O cineasta iraniano Asghar Farhadi entrou para a história cinematográfica do Irã ao tornar-se o primeiro vencedor de um Oscar para seu país. No caso, o de melhor filme estrangeiro em 2012. Formado em Teatro e Cinema pela Universidade de Teerã, Farhadi começou a carreira dirigindo curtas e séries para televisão. Seus longas, principalmente Procurando Elly, de 2009, e este A Separação, de 2011, lhe deram projeção mundial. O mais curioso em sua obra é que ela retrata um Irã bem diferente daquele que vemos nos telejornais. Farhadi, que também escreve seus roteiros, tem o dom da narrativa. Em A Separação, acompanhamos o drama de Nader (Peyman Moaadi), que  após se divorciar de Simin (Leila Hatami), precisa contratar alguém para cuidar de seu velho e doente pai. Algo aparentemente simples. No entanto, a mulher que Nader contrata está grávida e trabalha sem que o marido tenha permitido. Além disso, um incidente inesperado complica ainda mais a situação e termina por levar as famílias do patrão e da empregada a um julgamento que traz à tona questões morais e religiosas. A câmara de Farhadi não pára um minuto sequer. Ela nos mostra tudo e revela uma sociedade dividida. De um lado, uma classe rica e escolarizada que se aproxima do que entendemos como “civilidade”. Do outro, uma classe pobre e com pouco estudo, presa às tradições seculares. Apesar dessas diferenças culturais, ambas possuem problemas e enfrentam dramas como os nossos. Essa talvez seja a maior contribuição do cinema de Farhadi. Mostrar com todas as letras e imagens que, no fundo, somos todos iguais.