O cineasta iraniano Mohammad Rasoulof vem chamando a atenção há algum tempo. Seus filmes são impactantes não apenas por conta dos temas que aborda mas, principalmente, pela forma como esses temas são abordados. Em 2022 ele foi preso por protestar contra o governo e, obviamente, não tem a “simpatia” do regime teocrático-fundamentalista de seu país. Dois anos depois conseguiu fugir para a Europa e se exilou na Alemanha. A Semente do Fruto Sagrado, escrito e dirigido por ele foi realizado de maneira, digamos assim, clandestina. A história gira em torno de uma família composta por Iman (Missagh Zareh), que é casado com Najmeh (Soheila Golestani) e tem duas filhas: Rezvan (Mahsa Rostami) e Sana (Setareh Maleki). Ele foi recém-promovido ao cargo de juiz de instrução e enfrenta um grande dilema ético e moral por causa das sentenças que assina a pedido do chefe. A tensão no trabalho é cada vez maior em decorrência de ações de inúmeras manifestações populares, especialmente de estudantes. Paralelo a isso, Iman enfrenta problemas em casa. Apesar da subserviência de sua esposa, as filhas são simpatizantes das causas defendidas pelos manifestantes e isso só piora a situação e o estado mental de Iman. A Semente do Fruto Sagrado te leva por caminhos surpreendentes, daqueles que você não consegue antecipar o que vai acontecer. E Rasoulof mistura seu relato ficcional com imagens dos protestos feitas com celulares e divulgadas nas redes sociais. Essa mistura potencializa o impacto da narrativa e passa uma forte e realista sensação de documentário. Em tempo: O filme foi vencedor do Prêmio Especial do Júri e do Prêmio da Crítica, no Festival de Cannes de 2024 e é o representante da Alemanha na disputa por uma indicação ao Oscar 2025 de melhor filme internacional.
A SEMENTE DO FRUTO SAGRADO (Dâne-ye Anjîr-e Ma’âbed – Alemanha/França 2024). Direção: Mohammad Rasoulof. Elenco: Soheila Golestani, Missagh Zareh, Mahsa Rostami, Setareh Maleki, Niousha Akhshi e Reza Akhlaghirad. Duração: 167 minutos. Distribuição: Mares Filmes.