A roteirista e diretora Meryam Joobeur nasceu nos Estados, se criou na Tunísia, onde viveu até os 17 anos. Depois se mudou para o Canadá, onde vive até hoje. Foi lá que estudou Cinema e iniciou sua carreira no audiovisual, em 2012. Seu filme Ikhwène, de 2018, foi indicado ao Oscar na categoria de melhor curta de ficção. A Quem Eu Pertenço, realizado seis anos depois é seu longa de estreia. O roteiro, escrito pela própria diretora, nos apresenta Aicha (Salha Nasraoui) e o marido Brahim (Mohamed Grayaâ). O casal vive no norte da Tunísia junto com o filho caçula, Adam (Reyene Mechergui). Os dois mais velhos, Mehdi (Melek Mechergui) e Amine (Chaker Mechergui), foram embora para se juntar ao grupo terrorista Estado Islâmico. O filme é dividido em três capítulos, “Consequências”, “Uma Sombra Surge” e “Despertar”, e desenvolve uma trama dramática e sombria. Aicha tem visões e sofre com a partida dos filhos. Tempos depois Mehdi volta e traz consigo uma esposa misteriosa e grávida. Apesar de não muçulmana, ela veste um niqab roxo, um véu islâmico que cobre todo o rosto de uma mulher, deixando apenas os olhos à mostra. A Quem Eu Pertenço trabalha as questões apresentadas de maneira singular. Ao longo da narrativa Joobeur constrói uma estrutura sólida envolta em situações que nem sempre são explicadas. Isso faz com que nossa curiosidade cresça a cada novo capítulo. Filmado com razão de aspecto 4:3, o que potencializa o clima claustrofóbico desta produção que obteve financiamento de seis diferentes países: Arábia Saudita, Canadá, Catar, França, Noruega e Tunísia.
A QUEM EU PERTENÇO (Me El Ain – Tunísia 2024). Direção: Meryam Joobeur. Elenco: Salha Nasraoui, Mohamed Grayaâ, Malek Mechergui, Adam Bessa, Dea Liane, Rayene Mechergui, Chaker Mechergui e Mariem Jlassi Akkari. Duração: 113 minutos. Distribuição: Pandora Filmes.
