Já se vão perto de quatro décadas de trabalho no audiovisual da paulistana Anna Muylaert. Inicialmente como roteirista na TV e, a partir de 2002, também na função de diretora de longas. Ao longo desse período, ela se firmou como uma das mais originais cineastas brasileiras e a cada novo filme vem comprovando sua excelência. A Melhor Mãe do Mundo, de 2025, teve sua estreia mundial no Festival de Cinema de Berlim e nos apresenta uma história de coragem, amor e superação de uma mãe. Gal (Shirley Cruz) é catadora de recicláveis e passa o dia recolhendo embalagens plásticas e caixas de papelão para vender e ajudar no sustento da família. Seu companheiro, Leandro (Seu Jorge), é um abusador. Por não aguentar mais os maltratos que recebe continuamente e não conseguir da polícia o suporte necessário, Gal decide fugir de casa com a filha Rihanna (Rihanna Barbosa) e o filho Benin (Benin Ayo). Para atenuar a situação, ela diz que aquele momento é na verdade uma grande aventura. Muylaert conduz sua narrativa de maneira crua e direta, sem enfeites. O estilo quase documental nos envolve por inteiro. O elenco como um todo, em especial a intensa presença de Shirley Cruz, garante a forte carga dramática que a história pede. A diretora lida aqui com temas recorrentes em sua filmografia e mostra continuar em boa forma e com coragem para abordar questões sociais pertinentes, bem como relações abusivas e a força de uma mãe para proteger as crias e sua própria vida.
A MELHOR MÃE DO MUNDO (Brasil 2025). Direção: Anna Muylaert. Elenco: Shirley Cruz, Seu Jorge, Rihanna Barbosa, Rejane Faria, Benin Ayo, Luedji Luna, Rubens Santos, Katiuscia Canoro e Lourenço Mutarelli. Duração: 105 minutos. Distribuição: Galeria Distribuidora.
