O cineasta britânico Nicolas Roeg estreou como diretor no início dos anos 1970 após 20 anos de experiência. Inicialmente como assistente de câmera e depois como diretor de fotografia. A Longa Caminhada, de 1971, apesar de não ter sido seu longa de estreia na direção, foi o primeiro a ser lançado. O roteiro de Edward Bond tem por base o romance de James Vance Marshall, escrito sob o nome de Donald G. Payne. Acompanhamos aqui a trajetória de dois irmãos, Jenny Agutter e Lucien John (filho de Roeg na realidade). Eles moram em Sidney e viajam com o pai para uma região inabitada do deserto australiano onde ocorre uma tragédia. Sozinhos, os dois precisam sobreviver e encontrar o caminho de volta para casa. Para sorte deles, encontram um jovem aborígene (David Gulpilil), que cumpre um ritual tribal e os ajuda. A Longa Caminhada, também fotografado por Roeg, revela belas imagens da natureza selvagem australiana, sem cair na pieguice da beleza pela beleza. Há um forte contraste entre os mundos civilizado e natural. E isso é claramente expresso pela dificuldade de comunicação entre a garota e o aborígene. Apesar da evidente tensão sexual entre ambos. O que fica é a nítida descrença do diretor com a raça humana. Uma postura que marcaria sua futura filmografia. Em tempo: o primeiro filme que Roeg dirigiu foi Performance, onde dividiu a tarefa com Donald Cammell. A obra, estrelada por Mick Jagger, assustou os executivos da Warner por causa de suas cenas fortes e terminou sendo lançada somente dois anos depois de ter sido concluída.
A LONGA CAMINHADA (Walkabout – Austrália/Inglaterra 1971). Direção: Nicolas Roeg. Elenco: Jenny Agutter, Lucien John, David Gumpilil, John Meillon, Robert McDara, Pete Carver e John Illingsworth. Duração: 100 minutos. Distribuição: Versátil.
