A criatividade do marketing das distribuidoras mereceria um estudo acadêmico. A Garota Ideal, longa de estreia do diretor Craig Gillespie, é mais um exemplo de filme vendido de maneira errada. O rótulo anuncia se tratar de uma comédia romântica, mas, na verdade, estamos diante de um drama. E dos bons. O roteiro de Nancy Oliver, indicado ao Oscar, conta a história de Lars (Ryan Gosling), um rapaz que na mesma medida que é doce é também muito tímido e de pouca sociabilidade. Ele mora em uma cidadezinha do interior, a mesma onde vive seu irmão Gus (Paul Schneider), e sua cunhada Karin (Emily Mortimer). Certo dia, Lars aparece em casa com Bianca, sua namorada. Até aí, nada demais, a não ser por um pequeno detalhe: Bianca é uma boneca inflável comprada pela internet e que ele trata como se fosse uma garota de verdade. Atendendo a um conselho da psicóloga Dagmar (Patricia Clarkson), não só a família, mas toda a cidade passa a conviver com Bianca e a tratá-la da mesma maneira que Lars. A direção de Gillespie é delicada e abre espaço para o trabalho dos atores, todos muito bem em cena, em especial Ryan Gosling, um dos mais destacados talentos da nova geração e que vem demonstrando saber conduzir bem sua carreira. O roteiro consegue fugir de armadilhas cômicas fáceis e ressalta o carinho e a generosidade com que Lars é tratado pelos amigos e familiares. No final, mais do que grandes risadas, é isso que fica marcado em nós após assistirmos a esta pequena obra-prima.
A GAROTA IDEAL (Lars and the Real Girl – EUA 2007). Direção: Craig Gillespie. Elenco: Ryan Gosling, Emily Mortimer, Paul Schneider, R.D. Reid, Kelli Garner, Nancy Beatty e Patricia Clarkson. Duração: 106 minutos. Distribuição: Califórnia Filmes.