A cineasta Renée Nader Messora já havia convivido com a tribo Khahô, que vive na aldeia Pedra Branca, no Tocantins. Desse convivência nasceu o longa Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos, realizado junto com João Salaviza e lançado em 2019. Agora, a dupla se une outra vez para este A Flor do Buriti, que retorna aos Khahô para nos contar uma história que transcorre ao longo de 80 anos. Da mesmo forma que no trabalho anterior, a dupla nos traz um docudrama de forte impacto ao relatar um massacre ocorrido na região no final dos anos 1960 e que vitimou dezenas de indígenas. Antes disso, em 1940, duas crianças encontram um perigoso boi perdido nas redondezas da aldeia. Um prenúncio da tragédia perpetrada por fazendeiros que querem expulsar esse povo originário da região para se apossar de suas terras. Ações assim ocorrem há décadas e o filme não se esquiva de apontar o dedo aos culpados por essa violência, ao mesmo tempo em que mostra manifestações políticas realizadas em Brasília organizadas por entidades de defesa da causa indígena. Filmado durante um período de pouco mais de um ano em aldeias da Kraholândia, A Flor do Buriti teve seu roteiro feito a partir de relatos e conversas com os moradores dessas comunidades. Isso dá à obra um forte grau de autenticidade, o que fortalece ainda mais a urgência de medidas governamentais para lidar efetivamente com essas questões.
A FLOR DO BURITI (Crowrã – Brasil/Portugal 2023). Direção: João Salaviza e Renée Nader Messora. Elenco: Ilda Patpro Krahô, Francisco Hyjnõ Krahô, Solange Tehtikwyj Khahô, Débora Sodré, Luzia Cruwkwyj Krahô e Sonia Guajajara. Duração: 120 minutos. Distribuição: Embaúba Filmes.