Cultura, definitivamente, não rima com política. O Irã é um bom exemplo dessa dissociação. Abas Kiarostami, Mohsen Makhmalbaf, Jafar Panahi e Samira Makhmalbaf são cineastas iranianos que através de uma filmografia sensível e original, fizeram com que o mundo olhasse para aquele país com outros olhos. O mesmo pode ser dito de Majid Majidi e seu comovente A Cor do Paraíso. Neste belo filme, somos apresentados ao pequeno Mohammad (Mohsen Ramezani), um menino cego e órfão de mãe. Ele mora e estuda em uma escola especial e vai passar o período de férias com a família, composta pelo pai, duas irmãs e uma avó. Com sensibilidade e extrema delicadeza, Majidi, também autor do roteiro, nos conduz por uma realidade bem diferente da nossa. O estranhamento inicial se transforma em deslumbramento. A vida desse garoto e a maneira como ele “enxerga” o mundo ao seu redor nos envolve por completo. Terminado o filme, fica aquela sensação de que alguma mudou dentro de nós. Isso é arte.
Uma resposta
Outra característica bastante presente no cinema iraniano é o talento que eles têm de trabalhar/dirigir crianças. Além deste encantador A Cor do Paraíso, sugiro outro igualmente dirigido pelo Majid Majidi: Filhos do Paraíso. PS: Tampouco deixem de assistir O Balão Branco, de Jafar Panahi. Magníficos!