Vittorio De Sica é um dos nomes mais importantes do cinema italiano. Ele, que começou carreira como ator, tornou-se depois diretor de obras fundamentais do movimento neorrealista, como Ladrões de Bicicleta e Umberto D. Seu estilo direto, quase documental e de forte caráter humanista vem influenciando novos cineastas geração após geração. O Jardim dos Finzi-Contini foi um dos últimos filmes que ele dirigiu. A partir do romance de Giorgio Bassani, adaptado por Vittorio Bonicelli e Ugo Pirro, o filme conta a história dos Finzi-Contini, uma tradicional família da região de Ferrara, na Itália, no final dos anos 1930. Eles são ricos, aristocratas e judeus. Tudo muda quando os fascistas italianos se unem aos nazistas alemães. O olhar humanista de De Sica persiste e é interessante observar aqui algumas referências ao cinema de Luchino Visconti, outro cineasta importante do cinema italiano e contemporâneo do diretor. No fundo, O Jardim dos Finzi-Contini nos apresenta personagens que enfrentam um momento de extremo desencontro. Seja com a situação que o mundo enfrenta por causa da Segunda Grande Guerra. Seja em relação aos sentimentos que elas sentem por aqueles que amam. O curioso é que todos parecem esconder o que realmente sentem. De Sica conduz sua trama, que se anuncia trágica desde o início, pelos olhos expressivos de todo o elenco. É através deles que captamos o turbilhão de emoções escondidos atrás das aparências e do que é falado. Bastante premiado quando de seu lançamento, O Jardim dos Finzi-Contini ganhou o Urso de Ouro do Festival de Berlim e o Oscar de melhor filme estrangeiro.