Segundo filme do cineasta russo Andrei Tarkovski, Andrei Rublev, que chegou a receber no Brasil o subtítulo de O Artista Maldito, é uma obra difícil e de longa duração (quase três horas e meia). No entanto, estes dois obstáculos, se é que podemos chamá-los assim, são muito pequenos diante da grandeza e da beleza do filme. Escrito por Tarkovski, em parceria com Andrei Konchalovski, o roteiro conta a história de Andrei Rublev (Anatoniy Solonitsyn) , um pintor de ícones que viveu na Rússia no início do Século XV. Ele foi encarregado de pintar as paredes da Catedral da Anunciação, trabalhando sob a orientação do grego Teófanes (Nikolai Sergeyey). O período em que vivem é de extrema crueldade e violência e os dois têm visões bem distintas sobre a realidade que os rodeia. Teófanes acredita que a ira de Deus se manifesta naquele momento, enquanto Rublev defende que tudo é decorrência das escolhas feitas pelos homens. Cabe aqui destacar que quando o filme foi lançado, o então governo soviético o censurou acusando-o de ser impreciso historicamente. Talvez essa tenha sido a “desculpa” oficial. Acredito que o motivo verdadeiro tenha sido o fato de o filme ter um caráter místico-religioso muito forte, o que não condizia com o regime comunista da época. O que realmente importa é que governos são transitórios e obras-primas, como é o caso de Andrei Rublev, são eternas.
ANDREI RUBLEV (Andrei Rublev – Rússia 1966). Direção: Andrei Tarkovski. Elenco: Anatoliy Solonitsyn, Ivan Lapikov, Nikolay Grinko, Nikolai Sergeyey, Irma Raush, Nikolay Burlyaev, Yuriy Nazarov e Yuri Nikulin. Duração: 205 minutos. Distribuição: CPC-Umes Filmes.
Respostas de 3
Andrei Rublev é uma OBRA-PRIMA. Tenho dito!
Um dos filmes mais extraordinários que eu já vi em toda a minha vida.
Sim, já assisti duas vezes seguidas… sete horas! Sempre numa mescla de encantamento e pavor. Só um coração de pedra sai incólume de Andrei Rublev. Tarkovsky é um Mestre. Um Mestre para quem o cinema existe como arte e existência.