A roteirista e diretora panamenha Ana Endara Mislov trabalha com audiovisual desde 2003, quando estreou na direção de uma série de TV. Querido Trópico, de 2025, é seu primeiro longa de ficção após realizar três documentários e representa seu país na disputa por uma vaga ao Oscar 2026 na categoria de melhor filme internacional. O roteiro, escrito por Mislov junto com Pilar Moreno, nos apresenta Ana María (Jenny Navarrete), uma imigrante colombiana que se mudou para a Cidade do Panamá. Ela trabalha como cuidadora de idosos e deseja legalizar sua situação. Ana é contratada por Jimena (Juliette Roy) para cuidar de sua mãe, Mercedes (Paulina García). De pronto temos um contraste de condição social dos mais gritantes. A empregada não tem ninguém nem nada. A patroa é muito rica, vive em um casarão e sempre teve quem a atendesse em tudo. Como esperado, os primeiros contatos são secos, frios e distantes. Aos poucos, as duas descobrem que possuem segredos pessoais e isso as aproxima. A câmera da diretora não é intrusiva e observa a rotina das duas à distância, exceto nas belas sequencias no jardim e na chuva. Não espere encontrar em Querido Trópico um típico melodrama. Isso até caberia na história sem problema algum. Mislov opta por uma narrativa sutil, sem grandes arroubos dramáticos, quase documental. O que se revela uma decisão das mais acertadas.
QUERIDO TRÓPICO (Panamá 2024). Direção: Ana Endara Mislov. Elenco: Paulina García, Jenny Navarrete, Juliette Roy e Syddia Ospina. Duração: 108 minutos. Distribuição: Filmes do Estação.







