A peça de Herman Wouk, encenada pela primeira vez em janeiro de 1954, já havia sido transformada em filme duas vezes. A primeira, no mesmo ano, dirigida por Edward Dmytryk; e a segunda em 1988, feita para a televisão, com direção de Robert Altman. As duas versões receberam no Brasil o título de A Nave da Revolta e se passavam na Segunda Guerra Mundial. Esta nova adaptação, A Corte Marcial do Navio da Revolta, escrita e dirigida por William Friedkin em 2023, situa a ação nos dias de hoje. Diferente das versões anteriores, que mostravam os tensos acontecimentos na embarcação em paralelo ao julgamento no tribunal militar, Friedkin optou por se concentrar unicamente no julgamento do imediato Maryk (Jake Lacy), acusado de motim no navio USS Caine da Marinha dos Estados Unidos sob o comando do capitão Queeg (Kiefer Sutherland). Essa opção se deveu ao frágil estado de saúde do diretor, que concluiu as filmagens em apenas duas semanas e contou com o suporte no set de Guillermo del Toro. Apesar de ter apenas um único cenário e quase todo elenco aparecer sentado, a tensão é mantida por conta das atuações e do texto neste drama de tribunal. Em tempo: Friedkin faleceu no início de agosto de 2023, pouco antes da estreia mundial do filme no Festival de Veneza daquele ano.
A CORTE MARCIAL DO NAVIO DA REVOLTA (The Caine Mutiny Court-Martial – EUA 2023). Direção: William Friedkin. Elenco: Kiefer Sutherland, Jason Clarke, Jake Lacy, Monica Raymund, Lewis Pullman, Jay Duplass, Tom Riley e Lance Reddick. Duração: 108 minutos. Distribuição: Netflix.