O sueco de origem turca Levan Akin iniciou sua carreira no audiovisual em 2003 como assistente de direção. A partir de 2007 passou a escrever roteiros e também a dirigir, tanto para televisão como para o cinema. Caminhos Cruzados, de 2024, é seu quarto longa-metragem. O roteiro, escrito pelo próprio diretor, gira em torno da busca de Lia (Mzia Arabuli), uma professora aposentada da Geórgia, por sua sobrinha Tekla, que agora mora na Turquia. Ela viaja então, ao lado do jovem Achi (Lucas Kankava), até Istambul com um endereço de onde ela talvez ainda esteja. Essa procura faz com que Lia e Achi conheçam Evrim (Deniz Dumanli), advogada de uma ONG que ajuda pessoas trans. Caminhos Cruzados é um filme de estrada. Pelo menos, a princípio. E a viagem que vemos aqui se revela muito mais interior do que exterior. Akin constrói sua narrativa como muita consistência e ainda faz de Istambul uma importante personagem na jornada de Lia e Achi. A abordagem inspirada no neorrealismo italiano reforça sobremaneira esse libelo em favor da liberdade de as pessoas serem como são e se sentem. Ponto. E o poético final escancara essa postura. Em tempo: Levan Akin ganhou o Prêmio do Júri no Festival de Berlim de 2024 e Caminhos Cruzados o Prêmio do Público de Melhor Longa-Metragem no Festival Olhar de Cinema 2024, em Curitiba.
CAMINHOS CRUZADOS (Crossing – Suécia/Dinamarca/Geórgia/Turquia 2024). Direção: Levan Akin. Elenco: Mzia Arabuli, Lucas Kankava, Deniz Dumanli, Ziya Sudançikmaz, Nino Karchava e Bunyamin Deger. Duração: 106 minutos. Distribuição: O2 Play/MUBI.