Reuniões familiares costumam render boas peças e filmes. Em especial, quando envolvem irmãs. Este é o caso de Tia Virgínia, segundo longa escrito e dirigido pelo goiano Fábio Meira. A ação acontece quase que inteiramente dentro de uma casa onde Virgínia (Vera Holtz) cuida da mãe (Vera Valdez) e recebe a visita, na véspera de Natal, de sua irmã mais velha, Vanda (Arlete Salles), e de sua irmã mais nova, Valquíria (Louise Cardoso). Ao longo do dia, enquanto preparam a ceia de confraternização natalina, falas pontuais e cortantes expõem velhas rusgas e abrem antigas feridas. A identificação com o que vemos em cena é instantânea. Duvido que qualquer pessoa não tenha passado por algo semelhante em sua família. Ainda mais durante as festas de fim de ano. Vera Holtz, em irretocável atuação, está à frente do elenco e em perfeita sintonia com Arlete Salles e Louise Cardoso. A exemplo do que fez em seu filme de estreia, Meira é preciso nos diálogos de seu roteiro e bastante seguro na condução da narrativa, auxiliado por uma primorosa direção de arte e um elaborado desenho de som. Tia Virgínia é aquele tipo de obra que não se esgota após os créditos finais. Em tempo: ganhou seis Kikitos no Festival de Gramado de 2023, nas categorias de Melhor Filme pelo Júri da Crítica; Melhor Atriz (Vera Holtz); Melhor Roteiro (Fábio Meira); Menção Honrosa do Júri para a atriz Vera Valdez; Melhor Direção de Arte e Melhor Desenho de Som.
TIA VIRGÍNIA (Brasil 2023). Direção: Fábio Meira. Elenco: Vera Holtz, Arlete Salles, Louise Cardoso, Antonio Pitanga, Vera Valdez, Daniela Fontan, Amanda Lyra e Iuri Saraiva. Duração: 98 minutos. Distribuição: Elo Company.
