Em 2008, durante a 28ª Bienal de São Paulo, um grupo de pichadores invadiu o espaço e terminou provocando um intenso debate cultural não apenas na capital paulista, mas no mundo todo. É esse acontecimento que inspirou o publicitário Cláudio Borrelli a estrear na direção de longas com Urubus, de 2021, feito a partir de um roteiro escrito pelo diretor ao lado de Vera Egito e Mercedes Gameiro. A trama se concentra na figura de Trinchas (Gustavo Garcez), líder de pichadores que escalam edifícios cada vez mais altos para deixar sua marca. Certo dia, ele conhece Valéria (Bella Camero), uma universitária por quem se apaixona. Com produção de Fernando Meirelles, é visível a influência do cineasta de Cidade de Deus em Urubus. Especialmente no tratamento das imagens e na montagem. Há também a opção do diretor em trabalhar com atores não profissionais. Mas o filme fica devendo uma discussão mais aprofundada sobre os limites entre arte e pichação. Por ter tido como inspiração um evento real que provocou acalorados debates entre artistas, acadêmicos e autoridades, faltou justamente isso.
URUBUS (Brasil 2021). Direção: Cláudio Borrelli. Elenco: Gustavo Garcez, Bella Camero, Julio Martins, Bruno Santaella, Roberto Orlando, Leonardo Muniz, Matias Antonio, Alexia Borges Silva e Graça de Andrade. Duração: 113 minutos. Distribuição: O2 Play.
