Terceiro longa do cineasta italiano Michelangelo Frammartino, Il Buco, de 2021, consolida o nome de seu diretor como um dos mais originais de seu país. Após os muitos prêmios conquistados por As Quatro Voltas, temos aqui uma obra mais ousada ainda. Praticamente sem diálogos, o filme conta uma história escrita pelo diretor, ao lado de Giovanna Giuliani, sobre a exploração de uma caverna com quase 700 metros de profundidade. O título, se fosse traduzido para português, se chamaria O Buraco. Essa expedição realmente aconteceu no início dos anos 1960, no interior da Calábria, na Itália. Curiosamente, os moradores do vilarejo próximo à caverna assistem a um programa na televisão que trata do edifício mais alto da Europa naquela época. Aparentemente, eles não se dão conta de que ali perto existe um local com uma altura muito maior, só que ao contrário, para dentro da Terra. O cinema de Frammartino não tem pressa alguma. Seus planos são longos e ele costuma trabalhar com atores não profissionais e som natural, o que reforça consideravelmente suas influências neorrealistas. Isso à parte, sua filmografia prima pela beleza. Em todas as formas. Em tempo: Il Buco ganhou três importantes prêmios no Festival de Veneza de 2021 (o FEDIC de melhor filme, o Especial do Júri e a Película de Ouro para o operador de câmera Luca Massa).
IL BUCO (Itália/França/Alemanha 2021). Direção: Michelangelo Frammartino. Elenco: Claudia Candusso, Paolo Cossi, Antonio Lanza, Denise Trombin, Nicola Lanza, Jacopo Elia e Mila Costi. Duração: 93 minutos. Distribuição: Zeta Filmes.
