O diretor e roteirista americano Antonio Campos é filho do jornalista brasileiro Lucas Mendes e nasceu em Nova York, onde o pai mora há mais de 40 anos. O seu envolvimento com o audiovisual começou em 2002, quando dirigiu o curta Pandora, seu primeiro trabalho. A partir daí transitou entre o cinema e a televisão dirigindo longas e episódios de séries de TV. O Diabo de Cada Dia é uma obra que ele vinha acalentando desde o lançamento do livro de mesmo nome escrito por Donald Ray Pollock, que é o narrador do filme. O próprio Antonio, junto com o irmão Paulo, adaptou o livro para esta produção da Netflix. A história se desenvolve ao longo de 20 anos e começa logo após o fim da Segunda Guerra Mundial. Acompanhamos aqui a vida de muitas personagens que moram em duas cidades pequenas do interior dos Estados Unidos. As histórias, apesar de seguirem separadas, lentamente se conectam em torno de Arvin (Tom Holland), de seu nascimento até o início da fase adulta. No centro de tudo, a fé ou a percepção dela misturada com vícios, corrupção, violência e vingança. O título original inclusive brinca com isso. O que todos pensam ser manifestação divina é na verdade “o diabo o tempo todo”. As tramas apresentadas renderiam uma boa minissérie ou mesmo outros filmes. Mas o diretor optou, sem pressa alguma, em contar tudo em uma obra só e o resultado é satisfatório, graças não apenas ao elenco talentoso e bem escalado, mas também em razão da força do texto original e da boa adaptação feita aqui.
O DIABO DE CADA DIA (The Devil All the Time – EUA 2020). Direção: Antonio Campos. Elenco: Tom Holland, Bill Skarsgard, Haley Bennett, Robert Pattinson, Mia Wasikowska, Sebastian Stan, Harry Melling, Eliza Scanlen, Jason Clarke, Riley Keough, Pokey La Farge e Kristin Griffith. Duração: 138 minutos. Distribuição: Netflix.
