Em meados da década de 1990, a Disney tinha duas animações em produção. Uma delas era Pocahontas, a grande aposta do estúdio. A outra, para a qual não havia expectativa alguma, era O Rei Leão. Como o destino adora pregar peças, o filme da história de amor de uma índia americana e um colonizador inglês não rendeu o que se esperava, enquanto a saga de um jovem leão inspirada em Hamlet, de Shakespeare, tornou-se um grande sucesso. E agora, 25 anos após a estreia em desenho, O Rei Leão está de volta. Só que desta vez, dentro do projeto da Disney de refazer suas animações com atores ou, como se diz em inglês, em live-action. Bem, não é o caso aqui. Afinal, só temos animais em cena. O que foi feito é algo revolucionário. A direção coube a Jon Favreau, que havia dirigido em 2016 a bem-sucedida nova versão de Mogli. Ele utiliza a mesma tecnologia do filme do Menino Lobo. Porém, ela foi bastante aprimorada. Trata-se, na verdade, de uma animação hiper-realista. Tão realista que peca justamente por ser real demais. A magia que existe no desenho, se perde por inteiro neste novo trabalho. Apesar da perfeição técnica alcançada, o filme carece de encantamento. Isso acontece, principalmente, quando os animais falam e cantam. Reforço que não há como negar a qualidade técnica do filme. Mas só apuro técnico, sem o devido sentimento, nunca foi capaz de “segurar” uma narrativa cinematográfica.
O REI LEÃO (The Lion King – EUA 2019). Direção: Jon Favreau. Animação. Duração: 118 minutos. Distribuição: Buena Vista.