Alfred Hitchcock sempre soube dirigir suspenses de uma maneira bem pessoal. Outra coisa que ele gostava de fazer em seus filmes era subverter as expectativas da audiência. Nunca deixando de apresentar ao espectador toda informação que ele precisava ter para acompanhar a trama sem ser pego de surpresa. Em Disque M Para Matar, a brincadeira começa com os dois atores que completam o triângulo formado entre eles e a personagem de Grace Kelly. O marido dela, Ray Millard, apesar de tenista, não parece ser um esportista. A outra ponta do triângulo, da mesma forma, não aparenta ser quem diz ser. Um crime encomendado, um telefonema e uma tesoura colocarão tudo no seu devido lugar. Hitchcock manipula cada cena para que ela tenha o efeito desejado, ou seja, ir nos enganando e nos conduzindo para um final arrebatador. Poucos diretores possuem essa habilidade desenvolvida de maneira tão apurada. Isso faz de qualquer filme dirigido pelo “mestre do suspense” uma verdadeira aula de cinema.