O cineasta italiano Bernardo Bertolucci se tornou mundialmente conhecido graças ao sucesso e às polêmicas de Último Tango em Paris, filme que ele dirigiu em 1972. Disposto a realizar um grande épico, o diretor escreveu, junto com seu irmão Giuseppe e com Franco Arcalli, o roteiro de 1900. A produção ficou com cerca de oito horas de duração, que foram reduzidos pelo produtor Alberto Grimaldi para pouco mais de cinco. A trama, centrada nas personagens de Olmo (Gérard Depardieu) e Alfredo (Robert De Niro), segue a vida dos dois ao longo de mais de quatro décadas, de 1900 até 1945. O primeiro é filho de camponeses e o segundo é herdeiro de uma rica família de latifundiários. A diferença social entre eles não impediu que se tornassem amigos na infância, porém, quando adultos, questões políticas e ideológicas os levaram para lados opostos. Bertolucci traça em 1900 um rico e abrangente painel histórico da Itália da primeira metade do Século XX. Além do elenco estelar e do roteiro cheio de reviravoltas, o filme se beneficia da bela trilha sonora de Ennio Morricone e da espetacular fotografia de Vittorio Storaro. Alguns críticos, na época do lançamento do filme, chegaram a dizer que o dilema sócio-político-ideológico apresentado por Bertolucci era superficial demais. Hoje, com o devido distanciamento, é possível apreciar 1900 pelo que ele realmente é: um estudo profundo da condição humana.