Assim como Caetano Veloso tornou famosa o cruzamento da avenida Ipiranga com a São João na clássica Sampa, Milton Nascimento junto com os irmãos Lô, Marilton e Márcio Borges criaram o Clube da Esquina, no bairro de Santa Tereza, em Belo Horizonte, no encontro da rua Paraisópolis com a Divinópolis. Estavam nos anos 1960 e influenciados pela música dos Beatles, esses quatro músicos ao lado de Beto Guedes, Toninho Horta, Nivaldo Ornelas, Wagner Tiso, Flávio Venturini, Tavinho Moura e Robertinho Silva espalharam mundo afora um novo, belo e original som feito por essa turma jovem de Minas Gerais. Essa história é resgatada por Ana Rieper no documentário Nada Será Como Antes: A Música do Clube da Esquina. São 79 minutos de puro encantamento, seja pela trilha sonora ou por conta dos carinhosos relatos que falam do surgimento da forte amizade entre garotos que amavam compor, tocar e cantar juntos e que formaram laços que perduram até hoje. A certa altura é dito que o mítico Clube da Esquina é cria do movimento estudantil e do cinema. Isso não deixa de ser verdade. No entanto, a mais forte influência veio mesmo do grupo dos rapazes de Liverpool e do rock progressivo da época, especialmente do Genesis, com uma sutil pitada de jazz. Nada Será Como Antes nos conta essa história rica em desdobramentos e deixa evidente, ao abrir e fechar sua narrativa, destacando a importância de se atender a um pedido da mãe e para descer as escadas do prédio e comprar pão e leite. Tratam-se de dois componentes básicos do café da manhã ou do final de tarde de inúmeros brasileiros, mas que aqui adquirem um significado absolutamente transcendental.

NADA SERÁ COMO ANTES (Brasil 2024). Direção: Ana Rieper. Documentário. Duração: 79 minutos. Distribuição: Vitrine Filmes.