O ator e diretor britânico Brian Gilbert vinha de Tom e Viv, cinebiografia inspirada no romance do poeta T.S. Elliot com Vivienne Haigh-Wood, quando dirigiu, em 1997, um novo filme, Wilde, baseado em um recorte da vida de outra importante figura literária. Como o próprio título já antecipa, desta vez trata-se do escritor e dramaturgo irlandês Oscar Wilde. O roteiro, escrito por Julian Mitchell, tem por base o livro de Richard Ellmann e se concentra no período em que foi revelada a homossexualidade do retratado. O cartaz anunciava que esta seria “a história do primeiro homem moderno”. Pode até parecer um pouco exagerado, mas, tenha certeza, não é o caso aqui. Oscar Wilde, efetivamente, fez a diferença em seu tempo e abriu o debate sobre uma série de questões que, mesmo passados mais de um século, continua na pauta do dia. Ainda mais em um país onde até bem pouco tempo, “o amor que não ousa dizer seu nome” era considerado crime, com pena de prisão ou castração química. À frente do elenco, Stephen Fry, um ator que nasceu para viver esse papel. O grande trunfo de Wilde, o filme, é apostar na humanidade desse excepcional mestre das letras e não julgar se as decisões tomadas por ele eram certas, erradas ou equivocadas. Isso não importa. O que importa mesmo é a lição de amor que a obra transmite e defende, além do legado deixado ao mundo pelo autor de O Retrato de Dorian Gray.
WILDE (Inglaterra/Alemanha/Japão 1997). Direção: Brian Gilbert. Elenco: Stephen Fry, Jude Law, Jennifer Ehle, Michael Sheen, Ioan Gruffudd, Vanessa Redgrave, Tom Wilkinson e Orlando Bloom. Duração: 118 minutos. Distribuição: Sony.