Akira Kurosawa, o mais conhecido dos cineastas japoneses, nunca escondeu de ninguém seu gosto por histórias ocidentais. Em especial as escritas por William Shakespeare. A diferença é que ele sempre soube como poucos misturar os elementos “estrangeiros” com os de sua própria cultura. Autor de uma extensa filmografia, um dos fatos mais marcantes de sua longa carreira é ter realizado tantos trabalhos de qualidade. E Trono Manchado de Sangue é apenas uma de suas muitas obras-primas. Aqui, Kurosawa transporta para o Japão feudal a história de Macbeth. A ação acontece no século XVI, em um país sacudido por guerras civis. Dois samurais, Washizu (Toshiro Mifune) e Miki (Akira Kubo), retornam vitoriosos do campo de batalha. No meio do caminho eles encontram uma misteriosa senhora que diz a Washizu que ele se tornará o Senhor do Castelo do Norte. Ao relatar a profecia para Asaji (Isuzu Yamada), sua mulher, Washizu, sob sua influência, se vê envolvido em uma trágica e sangrenta luta pelo poder. Trono Manchado de Sangue é um Kurosawa em seu melhor. O apuro visual, as cenas grandiosas, a fotografia deslumbrante, o elenco excepcional, com destaque para Mifune, ator preferido do diretor. Tudo no filme funciona a favor da história, que possui uma combinação das mais felizes. Shakespeare visto por Kurosawa é arte pura.
TRONO MANCHADO DE SANGUE (Kumonosu-jô – Japão 1957). Direção: Akira Kurosawa. Elenco: Toshiro Mifune, Isuzu Yamada, Minoru Chiaki, Takashi Shimura, Akira Kubo, Takamaru Sasaki, Yoichi Tachikawa e Chieko Naniwa. Duração: 110 minutos. Distribuição: Versátil.
Respostas de 2
Silêncio, pessoal, silêncio… estamos diante de um Akira Kurosawa.
Indicação anotada; é mais um que pegarei na locadora, Marden. Gratíssima estou.