Amigos de infância, Jimmy, Dave e Sean cresceram juntos no mesmo bairro de Boston e tiveram suas vidas marcadas por uma tragédia. Décadas mais tarde, uma nova tragédia volta a reuni-los e termina por provocar uma reação em cadeia que tem ligação direta com o passado dos três garotos. Baseado no livro de Dennis Lehane, adaptado pelo roteirista Brian Helgeland, Sobre Meninos e Lobos encontrou na direção de Clint Eastwood a economia e a sensibilidade necessárias para se transformar em uma contundente trama cinematográfica. Preste atenção já na seqüência de abertura. Ela apresenta as três personagens principais no passado. Com a sutileza que lhe característica, Eastwood define bem a personalidade de cada dos meninos com um simples ato de escrever o nome no cimento fresco de uma calçada. Outra forte característica do diretor é um dom quase sobrenatural para escolher os atores certos para os papéis e saber tirar deles, sempre, grandes interpretações. Não por acaso, Sean Penn (Jimmy) e Tim Robbins (Dave), foram premiados com o Oscar de melhor ator e melhor ator coadjuvante, respectivamente, em 2004. Sobre Meninos e Lobos também lida com questões mais complexas, como por exemplo, os rótulos que as pessoas recebem daqueles com quem convivem. Uma espécie de “carimbo” ou “marca” que o acompanhará por toda a vida. Há também um forte elo ligando passado e presente. Um elo tão forte que mesmo diante da falta de evidências concretas insiste em ligar pontos que na verdade não existem. É como se a mão pesada e imutável do destino já tivesse tudo traçado e sem chance alguma de mudança. Eastwood é mestre na condução desse tipo de história, ou melhor, de qualquer tipo de história. São poucos os diretores com uma carreira tão sólida e de conteúdo tão coerente. Isso faz dele um verdadeiro autor e Sobre Meninos e Lobos é mais um de seus grandes trabalhos.