O diretor polonês Jan P. Matuszynski nem era nascido quando os eventos de seu terceiro longa, Sem Deixar Rastros, ocorreram em Varsóvia, capital do seu país. Ele nasceu em 1984 e aos 22 anos iniciou sua carreira no audiovisual. Ao longo de quase duas décadas já realizou sete curtas, três longas e cinco séries de TV. Sem Deixar Rastros lhe deu projeção mundial ao contar a história real do jovem Grzegorz Przemyk (Mateusz Górski), que em 1983 foi preso, torturado e morto por uma patrulha policial. A única testemunha dessa violência gratuita foi seu amigo Jurek Popiel (Tomasz Zietek), que com o apoio de Barbara Sadowska (Sandra Korzeniak), mãe da vítima, decide lutar por justiça e testemunhar contra a polícia. Naquela época, apesar de a lei marcial ter sido suspensa, o governo comunista ainda a aplicava com rigor em represália ao Solidariedade, que fazia oposição às autoridades. A partir da acusação, o aparato estatal faz uso de toda sua força institucional para desacreditar Jurek e Barbara. O roteiro, escrito por Kaja Krawczyk-Wnuk, tem por base um livro de reportagem do jornalista Cezary Lazarewicz e é bastante fiel aos fatos. Além disso, a câmera de Matuszynski não deixa nenhum detalhe passar despercebido. Isso nos faz sentir um misto de dor, angústia e revolta. Em tempo: Sem Deixar Rastros foi o representante polonês na disputa pelo Oscar 2022 de melhor filme internacional.
SEM DEIXAR RASTROS (Zeby Nie Bylo Sladów – Polônia 2021). Direção: Jan P. Matuszynski. Elenco: Tomasz Zietek, Sandra Korzeniak, Jacek Braciak, Agnieszka Grochowska, Mateusz Górski, Robert Wieckiewicz, Tomasz Kot, Adam Bobik e Sebastian Pawlak. Duração: 160 minutos. Distribuição: Imovision.