Segundo longa da atriz, roteirista e diretora britânica Emerald Fennell, Saltburn é uma espécie de O Talentoso Ripley “encontra” Teorema. Tudo começa quando o jovem Oliver Quick (Barry Keoghan) chega à prestigiosa Oxford, onde é visto de imediato como um “peixe fora d’água”. Na tentativa de se encaixar, ele acaba se envolvendo por acaso com Felix Catton (Jacob Elordi), o aluno mais popular da universidade e herdeiro de uma aristocrática família. É visível, já nas primeiras cenas, que Felix representa tudo aquilo que Oliver pode até almejar, mas jamais conseguirá ser. Uma possibilidade de mudança surge quando Felix convida seu novo amigo Oliver para passar o verão na secular propriedade que dá nome ao filme. Da mesma forma que em Bela Vingança, seu filme de estreia e que lhe deu o Oscar de melhor roteiro original, Fennell constrói em Saltburn uma trama que faz uso do suspense para criar a tensão necessária para o conflito mostrado aqui envolvendo as diferenças entre classes sociais. Mas não só isso. Há outros elementos em jogo, como a obsessão de uma personagem em particular. Porém, não há como negar que esse novo trabalho de Fennell é daquele tipo que não permite meio termo: ou se gosta ou se detesta. O que rende um bom debate pós filme. E isso, por si só, com certeza já justifica a conferida.
SALTBURN (Inglaterra 2023). Direção: Emerald Fennell. Elenco: Barry Keoghan, Jacob Elordi, Rosamund Pike, Richard E. Grant, Archie Madekwe, Alison Oliver, Paul Rhys e Carey Mulligan. Duração: 131 minutos. Distribuição: Amazon Prime Video.